segunda-feira, 6 de junho de 2011

Novo Mundo

Despedida silenciosa

    As vezes é estranho pensar. Uma pessoa como eu, nunca fui um colecionador de amigos. Mas os poucos que tive eram as pessoas certas. É sempre bom alguém de extremo valor...
Bom... (suspiro) Eu os perdi... Não sei se o extremo amor ou o egoísmo, talvez o tempo... Mas neste momento não faz diferença. O resto guardarei para mim, cada caminho deve ser seguido...
Não há algo simples a ser dito...

 
    O que me trás mais uma vez aqui, neste mundo abandonado de coisas perdidas, não é lamentar o que foi. Desejo dar um propósito para esse espaço. Ser mais uma vez aquela criança a rascunhar a vida. Falar um pouco sobre meus novos “amigos”...
     Amigos, criaturas pulsantes de sangue quente, com mundos a compartilhar e ter mil coisas a dizer mesmo que em silencio. Muito amor, muito além do que posso entender. Talvez esses seres de adorável magia da qual me tornei dependente não sejam a figura mais segura para mim. Algumas pessoas nascem para estarem distante do amor, suficientemente covardes e ignorantes que se machucam e machucam. Sim, senhoras e senhores, sou um desses...
     Meus novos “amigos” são mais seguros. Formas rígidas, simétricas, salpicado de palavras. Não possuem rostos, mas possuem nomes. Guardam mundos, conhecimentos e sentimentos. Determinam as coisas mais sutis e as mais concretas, das mais exatas até as mais humanas... Não possuem cabeças para acariciar e nem coração quentes para escutar. Mas é com esses “amigos” que tenho passado os dias escuros e frios do outono, estes que o tempo nunca me faltará..
    Aqui, até o momento que ainda existir a vontade, eu narrarei cada aventura fantástica com meus novos “Amigos”, os mundos que estive e com que olhos eu os vi. As pessoas estranhas e tão intimas que me foram apresentadas. E com isso tenho apenas um propósito, sentir que não estou sozinho...


Sonhos e Sangue

    O frio noturno emanava de todos os elementos, principalmente do sólido silêncio. E eu observava quieto, talvez da segurança de meu quarto, ou de uma perdida viela parisiense. Mas o importante era o jovem de cabelos loiros, vestido como todo nobre do século XVIII.
    Acompanhei-o de perto por duzentos anos de sua vida. Sabia seu segredo mais intimo mesmo antes que ele resolvesse compartilhar com o mundo em nossos tempos contemporâneos. Para dizer a verdade eu o acompanhei antes mesmo que o dom o tenha sido concedido. Vi de perto suas paixões e seus desesperos, suas lutas, as derrotas e vitorias. Viajem por varias partes do mundo ao seu lado. Pude compreender profundamente a dor que sente ao se alimentar do sangue humano, e a necessidade desse ato.
    O êxtase também percorreu em minhas veias. O desejo romântico também arde em mim, ser uma eterna criatura da noite que se apavoa entre os nobres mortais. Ter o tempo e o mundo ao meu lado e até mesmo a dor da loucura e a busca pelo amor. Os amigos reais que se assemelhavam aos personagens, ganhando papeis e em minha mente, eu vivia sozinho naquele mundo com todas as pessoas de mentirinha...

(O Vampiro Lestat, Anne Rice)      


quarta-feira, 11 de maio de 2011

Mecanismos da vida


E tudo começa de um pequeno detalhe. Quando a menor engrenagem começa a rodar, que por sua vez move as médias e que logo gira as maiores. Quando menos esperamos todo o mecanismo começa um vagaroso e ritmado balé, vai ganhando força e perdemos o controle... Assim é a vida, um turbilhão caótico que se inicia em um simples detalhe... 


domingo, 24 de abril de 2011

Pequena Nota...

Era simples assim, como suspirar, como acordar. Abrir os olhos, vestir a coragem... Cantarolar, muito, muito alto e sem trégua. Apenas para não ouvir o coração gritar... Abandono... Renúncia... Em uma noite fria, sem lagrimas, apenas seguirei em frente, o caminho da retidão sem olhar para trás. Esperando que um dia já não exista mais o timbre, o perfume ou desejo ardente. Não quero as dores ou os risos, não quero lembranças... Não quero acreditar... Não quero a esperança... Apenas me banhar no destino e ser conduzido sem rumo... Olhar em olhos desconhecidos sem que os seus me despertem... Este é o segredo da felicidade... Da minha felicidade... Eu sinto muito, mas desejaria não sentir... Pois esses são apenas dizeres sem sentidos para ninguém...  


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Epílogo


Cada ilustração compõe a visão e os pensamentos do sonhador. Um estudante de Arquitetura e Urbanismo que para seguir seus sonhos enfrenta a árdua rotina de viver em outra cidade, longe dos familiares e amigos, de tudo que lhe é natural.
O ensaio fotográfico representa imagens vividas e sentidas pelo protagonista que passa pela solidão, por vezes até considerando a idéia de desistência. As fotos são os símbolos que marcam a primeira semana da personagem e seu novo cotidiano na nova cidade, sua primeira semana letiva e a forma como ele interpreta e sente toda essa vivencia, até o dia em que retorna para passar o fim de semana em sua cidade natal.

Capítulo VIII - Desfecho



Uma semana, mas na mente uma eternidade. O sonhador comemora o fim de um ciclo, o retorno, logo estará em casa. Alguns dias entre rostos familiares e vozes reconfortantes. O descanso para alma, o fechar de uma rotina o nascimento de novos tempos, novas pessoas novos lugares. O trem leva-o para casa, mas logo estará de volta, em um mundo que em uma nova semana não será mais tão novo. 


Capítulo VII - Noite


Cai a primeira noite no mundo estranho. Tudo é muito escuro e triste, mesmo com toda a clareza da lua dos homens, mesmo com todo desejo de seguir em frente, a solidão fala mais alto. Ele olha para o céu em um grito silencioso, a lua da natureza lhe: “A solidão e a escuridão não impediram que homens tocassem a face lunar!”


Capítulo VI - Explorando

Os dias calmos vão se apresentando preguiçosamente. Após dias de solidão e tristeza, o sonhador resolve sair para explorar, encontrar os sinais que lhe motivaram a continuar a caminhada. Seus pés recusam a seguir, mas seus desejos o motiva. Calçar o tênis e partir para aventura.


Em um grande mural deparasse com rascunhos de sonhos, de sonhos de outros sonhadores. Ali ele para, diante de expressões sem sentido, mas que guardam muito mais que traços e riscos, guardam desejos de outros aventureiros que resolveram continuar, por mais tortuoso que fosse o caminho.

Logo, mais uma vez a natureza lhe diz: “Folhas secas, seja como elas que se renova a cada outono, não tenha medo, acredite em si e aceite a mudança, pois todo desejo nada mais é que uma jornada longa”
O sonhador anima-se, o caminho a sua frente é longo, mas vale a pena. “Se os sonhos fossem simplesmente simples talvez fossem dispensáveis.”  
 

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Capítulo V - Novo mundo


                Sonhos estranhos vagavam pela mente, perdera a noção de quanto tempo se passou. A luz solar havia o despertado, era uma nova luz em um novo mundo. Era quente, muito mais quente do que era acostumado. Estranhamente familiar, os signos continuavam a ditar os caminhos. Perdido ele andava entre prédios vermelhos tentando capturar gota a gota a essência que construía aquele mundo. Por grandes janelas, entre grades estendiam jardins e nos jardins borboletas. A proposta que se apresentava a sua frente era sedutora, o  campus universitários tocava-lhe a alma, logo se fundiriam em uma nova rotina, em tardes quentes e longas manhãs em aula.






Capítulo IV - Partida

                Sobre a cama alguns pertences, na cabeça alguns temores e expectativas. Não, ele não estava pronto, mas precisava enfrentar. Chegou a temida hora da partida. Uma nova vida lhe aguardava. O sonhador não sabia o que lhe esperava no novo mundo, mas sabia que lá estavam os caminhos para seus sonhos.


                Ao embarcar no ônibus, parou na porta e olhou para trás, ainda havia tempo, poderia desistir. Afastou a idéia e aceitou o destino. Logo começou a deixar para trás toda uma vida. Pelas janelas contemplava a transição, o paralelo do nada que ligava dois mundos. Assim seguiu viagem até adormecer, ao acordar, seu mundo não seria o mesmo. Uma nova aventura lhe aguardava...


Capítulo III - Mundo em negativo

                Andando pelas ruas, o sonhador busca os sinais. E de repente ele entende que aquele não será mais o seu mundo, que em um futuro próximo tudo irá mudar, que tudo deverá ser reaprendido. Que todas aquelas pessoas que foram sua força, que estavam prontas para acolher estarão distantes. Estará sozinho, com isso o medo lhe invade e lhe consome integralmente. Ele paralisa diante da realidade. Logo vem a vertigem, seu mundo esta em negativos, uma simples expressão da realidade, onde cores e formas se fundem. Desistir?